O Giro deu uma volta, quase de 360 graus, tal foi a desolação de Joaquim Rodriguez, no final da etapa, que contrastava, certamente com a enorme satisfação do canadiano, Ryder Hesjedal, agora a 17 segundos do espanhol, a duas etapas do fim do Giro.
Hesjedal deu um grande empurrão à sua candidatura a principal favorito ao triunfo da segunda maior prova mundial, depois de se sagrar o delfim de uma etapa montanhosa, onde se esperava que surgissem nomes como Rodriguez, Basso, Scarponi, mas foi Kreuziger que, finalmente acordou de um sono profundo, e Hesjedal que deixou correr o marfim , patenteando um enorme sangue frio, para acelerar apenas nos últimos dois kms, sem que ninguém mais lhe pusesse o olho em cima.
Perdendo 13 segundos, Rodriguez, que já tinha a sua possível vitória no Giro hipotecada senão ganhasse mais alguns segundos ao canadiano, não só perdeu tempo, como psicologicamente não estará em condições de, amanhã, na ultima hipótese que terá de aumentar a diferença para o segundo, atacar com convicção.
Mas não foi só Rodriguez que baqueou, também Basso perdeu quase em definitivo as ténues esperanças que tinha de vencer a prova raínha do seu país. O seu atraso já vai em 1.54 e foi mesmo ultrapassado por Scarponi, agora terceiro.
Controlando a etapa, na esperança que Basso pudesse atacar na parte final da tirada, a Liquigas perdeu a aposta, por evidente falta de correspondência do seu chefe de fila, no momento decisivo da corrida.
O problema do ciclismo moderno é a reserva de forças, o calculismo. Os ciclistas de hoje não atacam, esperam pelos últimos kms, como o caso de hoje, onde só nos últimos quatro kms se atacou. Como é possível ganhar um Giro desta maneira ?
O problema do ciclismo moderno é a reserva de forças, o calculismo. Os ciclistas de hoje não atacam, esperam pelos últimos kms, como o caso de hoje, onde só nos últimos quatro kms se atacou. Como é possível ganhar um Giro desta maneira ?
Como é que Rodriguez, Basso e Scarponi querem ganhar o Giro desta forma ? Hesdejal agradece e, quando diziam que era frágil na montanha, mostrou que, afinal, não é assim tão fraco.
Hesdejal é,pois, agora o grande favorito. Primeiro porque está forte física e psicologicamente, segundo porque o C/RI do ultimo dia lhe convém perfeitamente, sendo mesmo o melhor especialista dos ciclistas que compõem o quadro de honra.
Em ciclismo, porém, nada é definitivo e, amanhã caberá a Hesdejal defender-se deixando para Rodriguez, Basso e Scarponi a dura tarefa de atacar para ganharem segundos, preciosos na luta contra o relógio.
Uma palavra, como é evidente para Kreuziger, o vencedor, apontado como um sério candidato ao triunfo, na fase inicial da prova, mas que se perdeu nos montes e montanhas transalpinas, mostrando ainda não estar preparado, para pertencer ao restrito clube dos grandes vencedores de uma prova de três semanas.
Chegando-se para a parte final da prova e sem pretendermos fazer, desde já um balanço, há que realçar a fragilidade patenteada por algumas equipas de elite, e cuja ausência de resultados palpáveis, começa a ser altamente inquietante. BMC e Radioshack são disso exemplo vivo, para quem só um triunfo, agora no Tour salvará as respetivas equipas da “bancarrota”. Mas das duas, apenas uma poderá ganhar a maior prova do mundo e, por muito que se queira ou não, o ambiente na turma dos manos Andy e Franck não deverá ser dos melhores, o que pode ser meio caminho andado para o abismo.
Mas outras equipas , com orçamentos de milhões nem por isso apresentam resultados, em especial quando chegadas as provas por etapas. Saxo Bank e QuickStep passaram despercebidas, Lotto-Belisol idem aspas, isto para não falar nas equipas francesas, demasiado frágeis para o World Tour.
Esperemos pelo futuro, seguem-se grandes provas, Dauphiné Liberé, Volta à Suíça, e o Tour, mas para já falta ver quem ganha o Giro. Será que haverá emoção até ao fim ?
Assim o espera, pelo menos, Joaquim Rodriguez, conforme afirmou no final:
“ Esperava-se hoje que Hesdejal perdesse tempo, mas não foi isso que aconteceu e deu-nos uma lição; atacou poderosamente, e ninguém lhe pôde resistir. Está muito forte e , se amanhã mantiver este ritmo será difícil para mim ganhar este Giro. Mo Mortirolo tudo pode suceder, grandes campeões perderam aqui as suas hipóteses de triunfo . Esta subida convém-me, tal como Stelvio e ambas serão cruciais para a geral final.”
Assim falou Rodriguez, como que a dizer que nada está tudo perdido e que, afinal Rodriguez ,Scarponi e Basso ainda podem sonhar com o triunfo no Giro. A ver vamos.
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